segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A MÚSICA COMO ELEMENTO DE CULTO


Flávia e Melque: servos da boa musica reformada
Antes de tudo, muitas pessoas talvez não saibam o que são os elementos de culto. Não são as partes que compõe a liturgia (invocação, confissão, ofertório, adoração e edificação). Estas compõe a ordem do culto. Os elementos de culto envolve o que se deve fazer no culto, ou, quais ações devem compor os ritos no serviço religioso. Neste caso, quais atividades são designadas por Deus na Sua Palavra para a realização do culto solene? A resposta é: oração, a leitura da Palavra, a música cantada, o ofertório, os sacramentos e a pregação da Palavra. Nesta perspectiva, talvez você tenha perguntado: por que a música é considerada elemento de culto? 

A resposta é simples. Porque assim Deus determinou em Sua Palavra (Sl 9: 11; Sl 89: 1; Sl 100; Sl 105: 2; Sl 144: 9; 1Co 14: 15, 26; Ef. 5: 19; Cl 3: 16). Parece muito obvio, mas devemos analisar esta resposta para melhor entendê-la. A ideia que muitas pessoas têm com relação ao uso dos elementos de culto tem sido em certos aspectos distorcida. Em geral se entende que Deus não ordenou nas escrituras quais os atos do culto solene. Ele apenas deixou a nosso critério o que seria mais apropriado ou não para a adoração pública. 

É interessante observar que Lutero sempre defendeu o uso da música no culto como recurso que auxilia o ensino das escrituras e que o ato principal do culto era a pregação da Palavra. Porém, Lutero entendia que não havia uma restrição explícita nas escrituras sobre quais atos deveriam compor o culto solene. Para ele, a arte em seu todo deveria ser usada irrestritamente para o louvor e adoração a Deus e que o culto deveria ser enriquecido com tais variedades artísticas. 

Contudo, é preciso ressaltar que Lutero desprezaria o modo como a diversificação de estilos musicais, dança, dramatização são usados aberrantemente e sem propósito algum nos cultos solenes de muitas igrejas. Ele era muito criterioso quanto ao uso da musica no culto. Quando pastor em sua igreja, não permitia nenhuma manifestação que fosse irreverente e que aparentasse ser sádico. Mesmo que, em sua opinião, não via proibição do uso de outros recursos artísticos no culto, ele mesmo não permitiu o uso de danças e teatro na solenidade e muito menos o uso de objeto ou ritual que exprimisse qualquer resquício de idolatria. 

Outro grande reformador, João Calvino, entendia que o ponto central na adoração também era a exposição da Palavra. Contudo, ao contrário de Lutero, identificou de forma explicita nas escrituras que Deus revelou ao seu povo não apenas que deveriam adorá-Lo, mas o modo e o que deveria conter no culto solene. O culto deve ter um caráter objetivo, ou seja, deve ser simples, entendido, reverente e todos os atos devem exaltar a pessoa de Cristo. Nada pode tirar a atenção da glória de Deus.  

Neste caso, a música para Calvino não poderia ocupar o maior tempo e muito menos ocupar o lugar da pregação da Palavra. A música é uma ferramenta designada por Deus para que o seu povo pedagogicamente se envolva com as doutrinas prescritas nas escrituras. Calvino inclusive usava de forma muito zelosa o principio de que todos os atos do culto devem anunciar a Palavra. Portanto, com a música não seria diferente. Cante as Escrituras e nada mais do que isto. Por isso, a igreja de Genebra nos dias de Calvino cantavam apenas os salmos metrificados, ou como foi chamado oficialmente de “o Saltério de Genebra”.

Deste modo, conclui-se que não se trata apenas de um mandamento a ser obedecido por mera conveniência ou regra sem sentido. Ao contrário, Deus determinou que a música fosse usada como elemento de culto para que o crente orasse e reafirmasse seu compromisso com as verdades divinas (Sl 89: 1; 1Co 14: 15). A música como arte naturalmente nos envolve emocionalmente e espiritualmente com a mensagem que ela nos transmite. Sendo assim, a música no culto solene deve nos envolver com a Palavra de Deus não apenas emocionalmente, mas fundamentalmente em compreender e guardar no seu coração toda verdade revelada por Deus em Sua Palavra.

Outro aspecto importante que enriquece esta verdade é que a música é a arte que diretamente usa a palavra (refiro-me a linguagem falada e escrita). Deus em sua infinita sabedoria nos deu as línguas e a escrita para que a comunicação e a relação entre as pessoas e principalmente com o Criador fossem inteligível e precisa. Por isso, Gênesis 1 começa relatando os atos da criação dizendo : e disse Deus: haja Luz! Deus se revelava na Antiga Aliança por meios extraordinários (cristofania, sonhos, visões e profecias), mas, em todos eles, Deus usou a palavra e a escrita para comunicar Suas verdades ao seu povo com exatidão.

Portanto, assim como a oração, a leitura da Palavra e principalmente a pregação dela, a música também usa a palavra falada e escrita e faz parte do culto solene para juntos transmitirem os ensinamentos das escrituras. Por isso, é imprescindível o mandamento: Cante a Palavra!      

5 comentários:

  1. E exatamente o que as igrejas precisam saber, diferente do que muitos pastores tem ensinado ou deixado a igreja fazer,

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  2. Paz do Senhor, muito bom o artigo, muitas igrejas precisam aprender isto que louvor não é mais importante do que a palavra de Deus. estou te seguindo, se possível viste meu blog: www.macelocarvalho.com.br fica com Deus.

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